Orgânica, esculturalmente ergonômica e com alta performance plástica, a Edition 2020, terceira coleção autoral de Patricia Anastassiadis para a Artefacto, reforça o gesto atemporal e cosmopolita da arquiteta a partir de movimentos artísticos, actings sinestésicos e outras propostas contemporâneas que valorizam a relação entre o homem, o objeto e o tempo-espaço ocupados por ambos
Por_Decornautas
Fotografias_Salvador Cordaro
Modelos_Nayara Amazonas (Elle) e Diogo Malheiros (Way)
Essencial é observar, respirar, decodificar. Enquanto todos os movimentos contemporâneos convergem para gestos projetuais mais orgânicos, lidos sob um prisma sensível e consciente onde a natureza precisa retomar seu protagonismo como condição sine qua non para a continuidade das espécies – incluindo a raça humana –, a poética do traço e a materialidade da luz se encontram no princípio da complementaridade. A luminosidade e as sombras acentuadas, assim como a sugestão de movimento deste ensaio, reforçam uma silhueta mais intensa na mobília, ora como extensão do corpo, ora como receptáculo que abraça, acolhe, mimetiza. Contenção e equilíbrio que, vez por outra, transbordam para shapes superdimensionados, hiperbólicos. Um draft dinâmico, de alto rigor construtivo, plástico, panorâmico, em 360 graus, tal e qual a contemplação de um mirante. Composta por 20 peças, a Edition 2020, tradicional coleção anual da Artefacto, abarca como uma evolução da narrativa adotada nas linhas anteriores, em total sintonia com as formas já propostas, rechaçando efemérides e buscando uma ocupação mais emocional do espaço e mais racional do tempo. “Sigo dialogando com os móveis criados nas últimas edições, reforçando o compromisso com a intemporalidade das peças e o propósito em desenvolver produtos de design que rompam com a sua linha cronológica sem perder a relevância estética e a funcionalidade”, explica Patricia Anastassiadis, uma das arquitetas mais incensadas do País, com alta reverberação internacional. Há seis anos como consultora/designer da marca, esta é a terceira coleção autoral de Anastassiadis e propõe, por meio de três moods distintos, uma relação de maior proximidade entre o indivíduo e o seu habitat, nos mais diversos contextos, seja por meio do habitáculo em si, seja pelo ecossistema em que está inserido, seja por meio da sabedoria milenar. As formas elementares constituem um dos pontos de partida de seu traçado. “O ângulo reto é uma invenção humana, não existe na natureza. Por isso buscamos uma relação mais direta com o corpo, a curvatura da anatomia, o que proporciona uma maior relação de afeto”. O conceito se materializa no mobiliário sem nenhuma pretensão, já que a ergonomia determina a forma e nunca o contrário: são jogos de preenchidos e vazios, modularidades, o silêncio, o intervalo, a beleza da leveza, o contraponto. Da filosofia taoista do Yin e Yang (forças fundamentais opostas), à sinestesia que aciona lembranças, cheiros, sabores, toques plurais. “Estamos vivendo uma época de encontros muito antagônicos entre si e isso é muito positivo. A arquitetura vernacular finalmente se alinhando com a arquitetura contemporânea; a arte contemporânea interagindo com arte popular; um novo olhar sobre o ancestral. Nos últimos anos, com a globalização, perdemos um pouco das raízes, das referências locais, essenciais. Esse resgate da cultura e da identidade são vitais”, finaliza Patricia, que olha para os tamancos japoneses com o mesmo entusiasmo com o qual vislumbra as esculturas do franco-alemão Arp, a arte popular brasileira ou a arrebentação do mar bravo sobre as pedras. E enxerga longe.
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