Conhecido como “arquiteto da luz” Alberto Campo Baeza determina orientação, escolha de materiais e desenho de ginásio poliesportivo e complexo de salas de aula de universidade madrilenha a partir da direção da incidência solar – valorizada, é claro, pela alvura estética do projeto
por_Giovanna Gheller
Fotografias_Javier Callejas
Partidário de conceitos técnicos-guia semelhantes aos vistos em projetos de nomes como Richard Meier e Sou Fujimoto, Alberto Campo Baeza é também um adepto do rigor formal que valoriza as linhas, sempre demarcadas e minimalistas, e, mais, eleva a relevância da luz, sobretudo mais bem manejada por meio da cor branca, à orientação do planejamento estrutural de seus desenhos. Já está escrito no site do arquiteto e catedrático: “[Baeza] acredita que os principais componentes da Arquitetura sejam a gravidade, que constrói o espaço, e a luz, que constrói o tempo”. A produção mais recente não fugiria disto – o complexo esportivo e o pavilhão de salas de aula reunidos em dois blocos de mesma base ascendem feito caixa luminosa no campus da Universidade Francisco de Vitória, no município Pozuelo, em Madri.

Para se alinhar à volumetria e às medidas dos institutos que já povoavam o entorno, o arquiteto espanhol optou por distribuir o pavilhão poliesportivo e o complexo de salas de aula em dois blocos bem definidos conectados por uma parte baixa comum. Outra ideia foi diferenciar as funções por meio do tamanho das caixas e dos materiais utilizado dos edifícios. Destaque do projeto, o setor de atividades desportivas comporta em 60 x 50 x 12 metros estruturas primordiais para o bom desenvolvimento físico: pistas, salas polivalentes, ginásio, piscina e espaço para fisioterapia, além de poder servir como um grande salão de usos múltiplos e de reunião, ideal para atividades de caráter universitário. Sua estética mais leve resulta da imprescíndivel influência da orientação dos edifícios nas soluções das fachadas: as do diedro sul, mais expostas à insolação, se fecham com painel pré-fabricado de concreto leve GRC (“Glass Reinforced Concrete”), enquanto as do norte se resolvem em vidro translúcido. A face sudoeste, por sua vez, é rasgada embaixo com uma faixa em vidro transparente para potencializar a relação visual com a praça central do campus, mecanismo de translucidez repetido na fronte nordeste no pátio alto. No espaço de aulas e no corpo baixo, em contraposição, são vistos recursos mais fechados de apresentação. Para completar a sobriedade da construção e reforçar suas soluções mais contidas, um grid de pilares e vigas em aço resolve a cobertura. O resto da estrutura, de concreto armado, tem a particularidade de alocar grandes vigas anguladas sobre o espaço das piscinas para sustentar a área de salas de aula.
