Acesso Irrestrito

HÁ QUASE UMA DÉCADA NO MERCADO ONLINE E APROXIMADAMENTE SETE ANOS SOMANDO LOJAS FÍSICAS QUE ULTRAPASSAM 20 UNIDADES, A URBAN ARTS ATACA O VAREJO E SE POSICIONA COMO A MAIS ACESSÍVEL DAS GALERIAS, ROMPENDO VELHOS PARADIGMAS DO MERCADO – INCLUINDO O PRECONCEITO

 

Ao acomodar em seus metros quadrados pinturas, esculturas, instalações e todas as formas de expressão das artes visuais de séculos que já foram ou de poucos dias atrás, as galerias de arte, em suas performances individuais ou aglomeradas em grandes festivais feito a SP-Arte/Foto, continuam imbatíveis como principal entreposto para ajudar a transformar a arquitetura em algo ainda mais humano e emocionante. Arte muda tudo, transforma tudo e, quanto mais legítima, autêntica e sensível, maior é o seu efeito – e, proporcionalmente, seu valor de mercado. Mas quando saímos do mainstream, que varia de pinturas de Portinari e Tarsila do Amaral a obras ultrafuturistas feitas a partir de cálculos numéricos e impressões 3D validadas pelos balizadores do segmento, ainda estamos falando de arte? Por que uma série limitada, que já deixou de ser única ao se multiplicar em algumas irmãs, pode valer muito mais do que uma grande tiragem? Se o mundo no terceiro milênio tende a caminhar pra frente – ainda que, vez ou outra, retrocedendo alguns passos –, nele se tornaram cada vez mais raras as áreas disponíveis para os mesmos velhos cubos brancos em que, em um interior asséptico de paredes lisas, se resguardam obras deslumbrantes salgadas demais para dar água na boca. E os puristas que nos perdoem, mas acesso é fundamental, né?

Hoje em dia, as mídias sociais e as páginas na web são outra vitrine superpoderosa onde o trabalho de novos artistas, mesmo que não esteja literalmente ao alcance das mãos, está bem próximo do toque – com um clique, um leque cheio de possibilidades de combinações, ofertas e pesquisas se abre na tela do smartphone ou do computador. No caso da Urban Arts, o espaço físico inaugurado em 2011 veio para somar ao negócio online iniciado dois anos antes pelo empresário André Diniz que, algum tempo depois, apertou as mãos de Gustavo Guedes em uma união profissional. “Em 2006, queria transformar uma coleção que z de ilustrações em camisetas, adesivos de parede, quadros, pôsteres e o que mais fosse possível”, conta Diniz sobre os primeiros passos que levariam à formação da galeria pioneira na venda pela internet de artes com um viés decorativo. Em 2009, o sucesso do site, que já surgiu com a proposta ainda vigente de dar espaço para qualquer pessoa se cadastrar e sujeitar suas obras à aprovação, fez com que houvesse aclamação popular por um lugar para ver aquele material com os olhos das mãos sem pagar com os olhos da cara – e aí surgiu a primeira unidade na rua Oscar Freire, em São Paulo, primogênita de outras 20 espalhadas pelo Brasil (e contando!).

Apesar de as fotografias de natureza e as ilustrações geométricas e abstratas estarem saindo bem, obrigada, no vasto acervo com mais de 70 mil obras, de até 250 tiragens por tamanho, produzidas por mais 4 mil artistas ativos – são 5 mil novidades mensais para curadoria – podem ser encontrados trabalhos para todos os gostos e estilos. A clientela geralmente adentra as portas com alguma ideia na cabeça, e aí os consultores são peças-chave para ajudar na hora de bater o martelo, junto com as ferramentas de busca do site, o grande catálogo da marca.

Segundo o empresário, a Urban Arts inaugurou um novo nicho de mercado. “Nós transformamos, entre outras coisas, a ilustração em arte, e abrimos as portas para artistas que nunca tiveram ou conseguiram uma galeria para representá-los, venderem suas obras. Qualquer pessoa pode se cadastrar no site e, a obra sendo aprovada, passa a divulgar e a vender seus trabalhos com a gente”, explica. Depois que a arte em arquivo digital passa pela moderação, estará disponível para venda no site e em todas as galerias em 48 horas. O artista recebe 20% de comissão pelas vendas finalizadas pelo site e 10% do que é compra- do nas galerias físicas – e toda vez que uma das galerias fizer o pedido de uma obra para estoque, a comissão já é contabilizada. “Na Urban Arts ninguém é melhor do que ninguém: todos os artistas têm o mesmo valor; os preços só mudam de acordo com o tamanho e acabamento das obras”, afirma o empresário. Para ele, o modelo de franquia foi a melhor opção, uma vez que esse tipo de negócio exige muita dedicação e engajamento de quem comanda. “Não basta abrir as portas e esperar vender. Precisa se certificar de que a galeria esteja linda, de que a curadoria foi bem feita e de que a equipe de gerente e consultores esteja trabalhando bem, além de ativar o ponto de venda com eventos de novos artistas ou parcerias com outras marcas”, explica. Diniz acredita que o fato de chegar-chegando e mexer com as estruturas do mercado possa incomodar algumas pessoas do meio, mas o que acontece não é rejeição, e sim predileção por esse tipo de arte de produção múltipla com saída limitada. “Tem gente que prefere tinta sobre tela ou fotografias com tiragem baixa, mas os preços podem ser muito altos. A Urban Arts torna a arte mais acessível, possibilitando que as pessoas consumam de forma mais descontraída e levem para casa muitas vezes mais do que um quadro.” O empresário ainda reforça que a ideia do acervo dissociado dos pregões de investimento é um modo de alegrar e colorir a vida das pessoas mais democraticamente. E a satisfação do cliente é bem maior. “O que importa é que atendemos diariamente e fazemos felizes centenas de pessoas que, não raro, se tornam clientes fiéis”, finaliza. Com muito estilo e sem preconceitos.