Mezzo Atelier assina os contornos da Pink House, espécie de hotel-boutique localizado na ilha de São Miguel, Açores, Portugal
Aclamado como um dos países mais seguros do mundo – até Madonna, a rainha do pop, fixou residência por lá –, Portugal tem se revelado destino interessante seja para veranear na maravilhosa costa portuguesa, seja para descortinar os encantos do Alentejo. Navegando pela internet, na busca incessante de assuntos relevantes para nossa edição, eis que brota, com força avassaladora no feed do meu Instagram, a inspiradora Pink House. Aquela morada simples, que pareceu travar um diálogo constante com o tempo, me fez recobrar o famoso preceito do “menos é mais”, cunhado por Mies van der Rohe.
Cravada na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, a casinha + estúdio é cria do Mezzo Atelier, escritório tocado pela portuguesa Joana Oliveira e seu sócio italiano Giacomo Mezzadri, localizado em Piacenza, entre a cosmopolita Milão e a planície rural de Emília-Romanha. A arquiteta morou em São Paulo entre 2011 e 2013 – na ocasião, rabiscou pranchetas no Studio Arthur Casas e também se especializou em Arquitetura e Planejamento Urbano pela Escola da Cidade. A propriedade de 250 metros quadrados que pertence à família há seis gerações é um antigo estábulo do início do século 20 convertido em duas sofisticadas hospedagens onde a história e a contemporaneidade coexistem em perfeito equilíbrio. “O objetivo principal do projeto era manter o caráter, as linhas e a atmosfera rural da construção, ao mesmo tempo em que se adaptava à estrutura anexa uma tipologia completamente nova e de acordo com regulamentos contemporâneos”, explica Joana.
O layout ganhou rasgos coloridos na fachada, em contraste com o muro de pedra do passado. Um novo volume conectado ao bloco principal permite a integração completa ao todo. A casa maior desenvolve-se em dois níveis: o piso térreo se abre para os espaços exteriores e atinge duas alturas, criando um andar seminivelado onde um espaço social dá acesso às suítes e à ala de serviço privada. O piso superior contém os ambientes de convivência e foi projetado com liberdade para que se possa aproveitar a estrutura completa do telhado. Na cozinha ocre há um acesso ao terraço situado em cima da casa menor do piso térreo. As escadas exteriores, que conectam a varanda ao ar livre, ou o uso de madeira branqueada nos interiores, são reinterpretações da arquitetura tradicional açoriana. Os tons envelhecidos de cor-de-rosa e ocre também constituem a identidade da região rodeada por mais de cinco hectares de jardins, pomares e bosques. “Ela oferece o conforto contemporâneo que satisfaz o cliente mais exigente, tendo simultaneamente o sabor do tempo, a genuinidade do acolhimento personalizado e atento de uma família com disponibilidade para desvendar segredos da ilha ou passear pelas quintas da propriedade com os hóspedes mais curiosos que se deliciam com café da manhã em piqueniques com frutas e flores colhidas no local. Nos interiores, procuramos utilizar uma linguagem estética simples e descomprometida para que as pessoas se sintam em casa. Usamos de forma muito sutil os materiais e artesanato do entorno, muitas vezes revisitado para evitar cair em clichês, de um estilo rústico mais pesado com o qual não nos identificamos”, finaliza.
“O objetivo principal do projeto era manter o caráter, as linhas e a atmosfera rural da construção, ao mesmo tempo em que se adaptava à estrutura anexa uma tipologia completamente nova e de acordo com regulamentos contemporâneos”