A cidade e as serras

Diferentemente do que era visto na pequenina Areal, desbravada durante o avanço do ciclo do café na região serrana do Rio de Janeiro, a InTown Arquitetura materializa na área de uma fazenda a residência um tanto quanto contemporânea de interiores minimalistas

O pequeno e jovem município de Areal, localizado a uma hora do Rio de Janeiro, carrega no nome as primeiras impressões dos viajantes dos séculos 18 e 19 sobre a paisagem que avistaram ao sair das Minas Gerais rumo aos campos cafeicultores no norte do estado fluminense. Por lá, assim como todo o entorno serrano daquela que outrora fora a capital dessas terras, as construções e os costumes vieram importados sem escalas da Coroa lusitana. Vem totalmente atualizada, porém, a Casa de Fazenda erigida e recheada pelo pessoal da InTown Arquitetura, operada pelos arquitetos e urbanistas cariocas Hugo Schwartz e Alexandre Gedeon junto a outros 20 funcionários, que atendeu às vontades do casal de clientes por um desenho contemporâneo de decoração minimalista.

Não gostamos da arquitetura rebuscada e cheia de detalhes e informações. Acreditamos e aplicamos mesmo a máxima de que menos é mais

Sem perder de vista as figurinhas trocadas com os moradores, que adiantaram referências trazidas do que viram em terra firme ou no mundo virtual, a sugestão da equipe, logo de cara, foi alocar a nova morada no topo do morro, de modo que de qualquer canto e recanto a vista mirasse para toda a exuberância da propriedade rural. O projeto em si, uma residência de 1,5 mil metros quadrados disposta em um andar, mas com três níveis diferentes que informalmente dividem a área social do serviço e da privativa, também não poderia abrir mão dessa beleza originária e deveria, mais do que isso, valorizá-la. Por isso a preferência por materiais em sua beleza nua, crua e sem vergonha de mostrar a que veio – também para facilitar a manutenção e a eventual reposição de peças –, onde constam concreto, vidro, pedra e aço. O viés brutalista é um velho conhecido do escritório, e conversa com as linhas simples e retas que saem de suas pranchetas. “Não gostamos da arquitetura rebuscada, cheia de detalhes e informações. Acreditamos e aplicamos mesmo a máxima de que ‘menos é mais’”, dizem, numa inegável alusão a Mies van der Rohe. 

É na sala de estar de proporções não comedidas, um dos partidos do projeto, que se recebem os amigos e familiares que chegam para passar o dia ou aproveitar os bons drinques em uma noite de festa. A área construída divide espaço com mais quatro suítes, uma cozinha fechada, outra gourmet com mesa de jantar, uma área de ginástica, um spa com sauna e banheiro, um lavabo, duas dependências de serviços, canil, garagem para seis carros, sala com equipamentos tecnológicos e mais um cômodo com a central de segurança.

Do lado de fora, o projeto paisagístico se beneficia da vegetação e avoluma a porção verde do espaço por meio de plantas que podem ser encontradas em um passeio pelas redondezas da fazenda. A alargada piscina, outro item da lista de desejo dos moradores, se estende como uma raia e é amparada por um deque molhado mais raso e uma área exclusiva de hidromassagem, separada e com temperatura diferente. 

Segundo a equipe, o principal desafio da tarefa entregue em mãos dizia respeito ao processo de edificação e às datas estabelecidas. “Por ser uma fazenda, longe das facilidades da cidade grande, tivemos que coordenar a logística da construção com a entrega dos materiais. O prazo, muito apertado, precisou ser levado em consideração para a concepção do projeto estrutural. Por esse motivo optamos pela estrutura metálica, o que viabilizou terminar a obra em tempo recorde”, contam, sobre a solução que gostariam de destacar. “Optamos também por materiais de fácil conservação e de longa durabilidade, tendo em vista que a distância da fazenda dificulta qualquer tipo de serviço.”

@intown_arquitetura